Contra o dia burocrático e o modo funcionário de viver

30.5.08

Eu vou (e São Pedro que ajude...)

Três perguntas a Luís Filipe Menezes ou o «Regresso ao Futuro IV»

Luís Filipe Menezes escreve hoje, no DN (leia aqui), um artigo de opinião saudoso e já nostálgico, duro e muito duro para os companheiros que extravasam a circunferência do seu núcleo duro (que entretanto já se desfez: o seu Secretário-Geral, Ribau Esteves, já deu à transparência o beijo de Judas). Será, talvez, caso para falar de um homem na sua mínima circunferência.
Mas face a afirmações tão acutilantes, não posso deixar de me interrogar e dedicar, ainda que no mero campo da possibilidade, três singelas questões a Luís Filipe Menezes:

1) Crente no panorama que descreveu como sendo o do PSD, acreditou realmente no seu poder de transformação do partido?

2) Mas se os quadros do partido eram (ou são) tal como os descreve, como é que foi possível aproveitá-los eficazmente - como também afirma ter feito?

3) Qual foi a ópera que concorreu em audiências com os «Doze Patifes» e suas coboiadas?

Zapping parlamentar


Pedro Santana Lopes, na primeira intervenção do PSD no debate parlamentar com o Primeiro-Ministro, afirmou que o início do mesmo – (ir)responsabilidade do Bloco de Esquerda – teria sido um combate de wrestling, programa de um qualquer canal desportivo. E sugeriu que se mudasse para um canal de realidade, talvez o National Geographic.
O Primeiro-Ministro, relembrando Santana Lopes que os dados relativos à situação social do país, que este invocou, foram retirados de um relatório relativo ao ano de 2004. Ou seja, nova mudança de canal, desta feita com José Sócrates a pegar no telecomando – para a RTP Memória.

Novas linhas a ter em conta

Nos derradeiros dias de 2007, quando finalmente cedi ao vício e dei corpo ao linha.de.conta, nasceu um blogue tradutor dos meus dias de então. Passou um ano e meio, o vício foi inconstante, mas a caneta e o teclado reclamam ávidos o reencontro com a escrita.
Os dias são outros, todavia. E a expressão gráfica da sua espuma é distinta, também.
Por isso, em espírito de absoluta partilha da escrita, imagens, sentidos e pequenos tudos e enormes nadas, volto à escrita rotinada, mas num linha.de.conta diferente. Mas simples, talvez. A vivência blogosférica será como a vida deve ser: ganhadora da descomplexidade ao quotidiano. Clean, céu azul limpo, vagamente povoado de núvens. Cinzentas às vezes. De algodão-doce quase sempre.
E à forma associa-se um conteúdo: coisas novas, porque a simplicidade conquistada ao tempo quer novidade. E muitos posts.
Até cada dia diferente.

9.5.08

Sem chave para entrar...

«O Sabor do Amor», do Wong Kar-wai de «Disponível para Amar» e «Chungking Express», é menos bom do que os nomeados. Norah Jones faz uma infeliz incursão pelo cinema, ao lado de estrelas de constelações maiores como Natalie Portman ou Rachel Weiz – e depois há Jude Law e a sua colecção de chaves destinadas a abrir porta nenhuma…
Será que se ficarmos parados no mesmo sítio somos encontrados, como lhe sugeria a mãe de Jeremy? Ou quem/o que nos procura perde-se na busca, ou perdemos alguma coisa ou alguém no marasmo da pausa? Enquanto Elizabeth vai mudando de diminutivos e de Estados, somos apresentados às personagens e vícios respectivos: álcool, jogo. Solidão.
Em «O Sabor do Amor» as pessoas desencontram-se e comem tarte. E só no fim há um encontro. Ou, como diz entre lágrimas Sue Lynne, «bebíamos até recuperar o amor. Mas de manhã nunca fazia sentido». E, neste momento, o som da trovoada torna-se mais potente do que a belíssima banda sonora.
Uma coisa é certa: só na perdição parecemos encontrar alguma coisa. Moral desta história: esse achado é quase sempre tardio. A menos que tenhamos a presença de espírito de prescindir da chave.