Quando um político marca décadas da cena internacional, e marcado por esses mesmos anos abandona o palco, logo começam os comentadores a adiantar trabalho aos historiadores, quais profetas da adivinhação histórica. Como será lembrado Tony Blair?
A prognose raramente substitui a realidade e o porvir. Não será o Iraque a grande marca ou sequer a grande mancha. Anthony Blair, ou
Tony, como sempre preferiu, levou o
Old Labor por caminhos inesperados, mesmo depois do desgaste da governação dos
Tories, intimamente marcada por Tatcher.
E se os
Tories foram de ferro, ele foi das pessoas. Se os conservadores privatizaram, Blair manteve-se discursivamente fiel à ideia de serviço público. Se a Dama de Ferro e o seu partido eram cépticos ante a verdade da Europa, o
New Labor de Tony foi tão europeísta quanto um partido político britâncio saberá ser.
Houve tréguas irlandesas, os Parlamentos e Autonomias Escócia fora. Houve um
Chancellor escocês que fez da economia britânica um sucesso e soube jogar com os seus orçamentos.
Houve aliança atlântica, mesmo quando deveria ter inexistido. Mas também houve quando devia estar presente. Se Tony não ficou bem na fotografia das Lajes, foi ficando bem na fotografia destes longos anos em que soube sempre ir a jogo. Soube, até perder.
Quando um político marca a sua história na de um país e até do mundo, a despedida é sempre cruel, tempo de ajuste de contas, questionada a sua
terceira via que dizem não ser nada disso - via ou terceira?
As imagens que a História guardará, em registo para gerações futuras, serão de Anthony Blair, grande político e estadista. Por agora, a fita de cinema relembra o recém-chegado a Downing Stree que insiste, e será que insistia já para os anais da História,
call me Tony?