
Hoje é apresentado «Rio das Flores», romance histórico de Miguel Sousa Tavares. A leitura das 640 páginas da nova obra do jornalista, permitirá perceber que países é que MST «conhece», por estes dias. Numa espécie de prelúdio ao lançamento, MST dedicou uma parte da sua coluna no Expresso a antecipar a crítica de Vasco Pulido Valente. Haverá melhor promoção para o novel escrito do que a troca de galhardetes que se seguiu?
A prova de que Sousa Tavares é já um escritor, encontro-a na deliciosa ideia de que a VPV será actualmente desconhecido outro universo que não seja o limitado binómio dos «países» Oxford e Gambrinus. É criativo e mordaz. Mas injusto. Conteúdos à parte, a escrita mordaz é território por excelência – ou de excelência? – de Pulido Valente. MST tem, a dado momento, razão: VPV escreve maravilhosamente.
Mas Sousa Tavares também não anda mal: para além dos largos milhares de livros que vem vendendo – contribuindo amplamente para a literacia lusa, e para uma literacia com um certo patamar qualitativo –, é justo dizer que é, já há algum tempo, um escritor. Eu preferia-o jornalista, mordaz director da finada Grande Reportagem, por exemplo. E assiste-me uma curiosidade: se em tempos idos, MST terá dito que exerceria o Direito enquanto o jornalismo não lhe desse a compensação financeira suficiente para abandonar o universo jurídico, qual foi o mote para deixar o «país do jornalismo» pela escrita literária? Este destino, de férias ou para fixação de residência permanente, não foi mal escolhido.