Contra o dia burocrático e o modo funcionário de viver

30.6.07

Os Presidentes

Passou um mês e meio, e finalmente – porque já sentia falta – o linha.de.conta regressa ao activo. Regressa com o sol.
Neste espaço de tempo, Nicolas Sarkozy foi eleito e reeleito Presidente da magna França, formou um governo cosmopolita, plural e paritário e deu aos gauleses – que já não são irredutíveis – uma primeira-dama. Depois das legislativas, a sua rival Royal propôs-se à renovação do PSF deixando Hollande de lado por infidelidades várias – e animados e cor-de-rosa continuaram os franceses – e quer ser presidente de (todos?) os socialistas franceses. Assim foi a França.
Sem direito a título presidencial, Tony Blair foi-se embora. Ou talvez não.... A apoteótica saída da Casa dos Comuns e o sorriso de marca foi mostrando, ao longo do marcado dia 27, que Gordon Brown é um britânico como a meteorologia do país: cinzento, mas muito esforçado. A paciência de quem esperou décadas ao leme do Tesouro, oferecendo ao Reino Unido dez anos de crescimento económico, foi recompensada. E Elisabete II ganhou o seu 11.º Primeiro-Ministro. Assim está o Reino Unido.
E por cá? O nosso Presidente visitou os Estados Unidos, a comunidade e os brilhantes alunos que perdemos para os americanos, mas do périplo não constou a fotografia da praxe na Casa Branca. George W. Bush, arauto das boas relações e diplomata militante, ignorou o Presidente Cavaco Silva e não o recebeu. Ainda que a Portugal calhe a Presidência da União Europeia a partir de amanhã. Assim foi nos States.
Por cá, geograficamente por cá, José Sócrates será Presidente do Conselho da UE por seis meses. Prognostica-se a orfandade do governo nacional, a desatenção à política interna, e etc. e etc. Há lições que se aprendem com facilidade, e esta da atenção simultânea à chefia do governo e à presidência europeia, José Sócrates terá aprendido, seguramente. Assim andará Portugal nos próximos seis meses.
E a última presidência desta selecção de regresso: Lisboa. Ou será.... Sintra, ou Azambuja, como poderia bem enganar-se Fernando Negrão? Não, não é nem IPPAR, nem EPAL, e é mesmo a Presidência da Câmara Municipal de Lisboa. Não preciso de registo de interesses, mas fica: apoio rigorosamente António Costa. Estou certa de que será o Presidente da capital a partir de 15 de Julho. Espero que não se pulverizem votos misturados com abstenção dos veraneantes, e que venha a maioria absoluta. Sob pena de o executivo municipal se revelar uma verdadeira Casa dos Comuns – aliás, após o fogo nos Paços do Concelho, a sala de sessões públicas da Câmara foi reconstruída à semelhança da sala onde reúnem os Comuns britânicos – num dia tétrico de discussão infinda e resolução nula. Espero que Lisboa não ande assim nos próximos dois anos.